sábado, 13 de agosto de 2011

Disputa, início, caçada, ver, esperar

Uma pedra bruta,
Um dia de labuta,
Uma não tão justa permuta.

Será que o meu sacrifício
É tão maior que um suplício
Para que nem tudo seja assim difícil?

As manhãs calam os gritos da madrugada,
A fúria descontrolada,
A quietude disfarçada.

Espero que o escolher
Seja tão belo quanto o colher,
Que seja, pelo menos, merecer.

E, sem desesperar,
Que o viver possa, cada vez mais, inspirar,
E o amar, completar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Haikais da Madrugada

Te amo muito,
Sem ser fortuito.
Amor gratuito.

Sua simpatia
Só me cria empatia,
Gosto de ti mais do que queria.

Vou embora, tenho que ir.
Mas espero te ver sem pedir,
Pra, de novo, bem eu me sentir.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Retrato

Bem-sucedido (e racista).
Muito bem articulado (e homofóbico).
Com muitos amigos (quase todos, segregacionistas).
Sempre está presente (mesmo sendo falso).
Entre os melhores alunos da sala (e esnobe).
Simpático, bonito, apresentável (e sexista, incrédulo, maniqueísta).
Executa todas as ações (com soberbia).
É exemplo (quase sempre, mau).
É o que muitos desejam (ode ao funcional).
Muito comum (mais do que se pensa).
Tomou o lugar (de mais um - dito como – tolo).
Outro retrato: idem.
Mais um, e mais um... próximo?

terça-feira, 1 de março de 2011

Chuva

Hoje, vou andar e deixar a chuva me molhar. Vou tentar ignorar as tragédias ao redor. Me lembrar de você e do seu doce perfume, dos momentos que poderiam acontecer. E me lembrar que algumas coisas simplesmente não acontecerão. Never meant to be. Mas isso tudo não significa que estou triste com o que tenho. Agradeço por tudo aquilo que conquistei. E o que também conquistaram de mim.

Será que é assim, como dizem? Que olhares não trazem nada além de uma ligação e de um pulsar temporário?

Prefiro dizer que não estou tão acorrentado às regras e condutas, as tais que evitam fazer daquele um ser humano, imperfeito e incompleto - como todos nós somos. E que em (quase) tudo pode haver uma satisfação especial, que possa resistir firmemente às intempéries tão frequentes impostas pelas próprias pessoas.

Amanhã, talvez eu queira me molhar novamente, deixar a chuva me fazer refletir. Mas, apesar de ser um outro e novo dia, o espírito, o sentimento, a vivência será a mesma.

E isso estará longe, muito longe, de parecer um retrocesso, uma involução. Será (e é) muito mais valioso. Atemporal.

E perene.